quinta-feira, 5 de junho de 2014

Retumba em mim





Aonde quer que eu vá...

Acompanha-me um coração apertado em inquietantes angústias

Um mar encapelado dentro de mim

Receosa de pisar num chão retalhado de armadilhas, meu coração

Flui e reflui em marés de um oceano atormentado pelo constante choque das ondas escarninhas

Sempre raia uma luz entre as nuvens da minha inconstância

Adormeço e volvo os olhos esgazeados para de súbito acordar, de um modo esbaforido em meio ao estrepitoso mar que retumba em mim.


PalasAthenaanamariajorio, 11.02.2006

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Pindamonhangaba




Manhãs da minha terra abençoada,
Céu azul, horizonte purpurino...
Na torre da Matriz repicam sinos.
Há luz desde a mais tenra madrugada.

E, bordando os meus sonhos de criança,
Este sol de uma eterna primavera
Embebedado em luz fulgente e bela
Lançando-me sorrisos de esperança!

Nos crepúsculos tintos de dourado,
Pelas tardes de outono, em doce enleio,
Cismando e sonhando nos devaneios,
Passeiam a sorrir os namorados.

No leito, o Paraíba enlanguescido
Desfruta pela noite, embriagado,
Do mágico luar de apaixonados
Sob a sombra do Bosque adormecido.

Minha cidade, tribo, aldeia, taba
Chão bendito, seara venturosa,
Que devolve em colheita generosa
O que planto em ti, Pindamonhangaba!

Meu lar, meu paraíso, meu remanso,
Refúgio para todos meus cansaços,
Meus amores, meus mais felizes passos,
Destino do meu mais certo descanso.

                         Palasathenaanamariajorio, abril de 2006.


Calanga simplesmente






Chamei-a Lagartina. Uma fêmea.  Surgiu em nosso quintal, logo depois da nossa viagem a Maceió. 

Assustada sempre, no início também me assustou. Eu, que tenho medo de baratas, gritei quando a vi.

Mas ela tinha mais medo de mim que eu dela. 

Assim ficamos. Uma fugindo da outra.

Acontece que ela queria ir embora. Queria sim, surpreendi-a tentando subir pela lateral de uma escada tentando escalar o muro para a liberdade. Pobrezinha, caiu ou melhor, escorregou de volta ao quintal. 

E, numa disparada, correu de volta ao entulho.

Numa noite, choveu feio. Chuva de verão fazendo esparramote! 

No dia seguinte, procurei por ela. Em vão...

Todo o dia me lembrava dela. Uma simples fêmea de lagarto, uma criaturazinha de Deus. Uma minha amiga por tão pouco tempo.

Senti saudade, ainda sinto. Ontem, contei essa história para a Pietra e para a Yasmin.

Passarei a dedicar essa historinha às crianças que saberão entendê- la.  In memoriam da pequena Lagartina.

Palasathenaanamariajorio, 05.05.2014.