O desejo de ter todo o tempo necessário para fazer o que gosto me deixa
aliviada. Posso sentir a vida e os perfumes, dispor das manhãs de verão tão
mágicas sem necessidade de olhar constantemente o relógio. Vejo as horas à
medida que aumentam lá fora os raios do sol. Um prazer vago, envolvente e
quente como a brisa da primavera vai se apoderando de mim. Descubro encantos
completamente novos no aspecto das coisas antes, a meu ver, tão banais. Por que
agora posso dispor do meu tempo. Antigamente tudo estava delimitado ao meu
redor, espremido, sufocado na pressa e no passar das horas. O meu espírito
fatigado se consumia por ser necessário cronometrar o dia e a noite. Eu tinha
tanta pressa, mas pra quê? A gente corria para recomeçar tudo no dia seguinte.
Palas Athena, 07.11.2012.