O ar seco e cheiroso de um verão
maduro causa-me inexprimível vontade de ir ao encontro de mim, de me encontrar
e me perder outra e outra vez, sempre na
direção contrária, em outro rumo. O dia escapou da chuva e eu fiquei com
vontade de chupar manga e nadar no riozinho. Mas que ninguém me interprete mal.
A chuva de janeiro mais me parece uma peste que devora minha alma. Um desastre
sem fim... Meu coração, pássaro aprisionado, palpitava dentro do peito.
Quando espiei a natureza de manhã, o sol
voluptuoso se estendia pelo quintal com indolente ardor. Senti o seu beijo
quente em meus ombros, suas ofuscantes luzes
trouxeram esplêndida magia ao meu espírito. Parecia uma lanterna iluminando o
céu. Quero mergulhar em uma alegre embriaguez nesse mês de fevereiro. Vou
abeberar-me do calor do sol. Um brinde à Aurora dos dedos de rosa!
PalasAthena, 25 de janeiro
de 2012