quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Um chamado à vida!







No domingo de manhãzinha, o sol esparramou-se em pleno
azul, majestático de luz por cima do horizonte, de tal forma que
parecia que todas as estradas, lugares, pequenas e grandes árvores,
pegavam fogo de uma só vez. Os pássaros avoaçavam no infinito
plaino das paisagens, despertos e vivificados pelo acalento da atmosfera,
abaixo e acima, num surto despejado em movimentos. Nunca fora tão
bela a natureza!. Um chamado à vida!

                         Palas Athenaanamariajório,22.10.2013

sábado, 12 de outubro de 2013

Centelha apagada


Aos doze anos eu ainda era criança e brincava de bonecas. Mamãe fez-me um vestidinho.
E mandou-me assistir à missa das 9h na Igreja Matriz.
Meu vestidinho novo me enchia de orgulho. Não era de rendas, brocados, mas de um algodãozinho macio. Mamãe colocara nele um recorte quadrado no decote e enfeitara com sianinha verde. Fora feito por ela própria em sua máquina de costura. A manga japonesa completava o modelito.
Na igreja, ajoelhei-me para comungar. O padre foi distribuindo a hóstia sagrada às crianças ao meu lado. Minha vez. O padre parou, examinou-me e disse:
- Você não serve para a comunhão!
Virou-se e continuou no seu santo exercício de salvar do purgatório as pequenas almas. Voltei-me e aguardei o final da missa. Aguardei? Já nem sei mais o que aguardei depois disso. Na minha cabeça, as palavras VOCÊ NÃO SERVE PARA COMUNGAR, VOCÊ NÃO SERVE, NÃO SERVE...SERV...NÃO!
Cabeça baixa, voltei para casa e contei para a minha mãe.  Não se fez nada. O padre poderoso mandava na igreja e no mundo, naquela época. Ai dos cristãos que se rebelassem: era a época do fogo do inferno. E para isso nem precisava morrer.
E o que eu sentia pelo pároco e pela paróquia começou a morrer também. Essa atitude lançara-me no coração uma nódoa de trevas! Fora um batizado na tenebrosa maçonaria do mal. Não me lembro mais de ter tido vontade de me ajoelhar para a comunhão. Deus está por detrás de tudo, mas as criaturas ocultam Deus. Até hoje sinto um ponto de fogo queimar até a medula dos ossos, fogo imortal e infinito, e que coisa alguma pode apagar.

 PalasAthenaanamariajório, 12 de outubro de 2013.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Linha reta



Não posso permitir que os propósitos que atravessam meu espírito sofram
alguma refração. Obrigo-me a elucidar mentalmente certas equações
provenientes da insegurança. Esforço-me para não esquecer nem um
segundo do meu objetivo de aceitação das coisas da vida. Por vezes
acabo tombando na incerteza. Mas luto para que as ideias permaneçam

lisas e em linha reta.

Palas Athenaanamariajório, 08.10.2013.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Tudo passa






          Os anos se passaram. Meu espírito já não é indefesso. A minha inquebrantabilidade é uma sombra perdida no remoto. Somos pacientes de tudo o que nos aguarda. Nem sabemos o que nos aguarda. A vida anda depressa demais que mal distinguimos o laço de ontem a hoje. As tristezas e as felicidades entram e saem de nossas vidas, pingam as horas inexoravelmente, nada é previsível. Somos pacientes do acaso. Os atropelos e as coisas boas (estas, dificilmente surgem) são percebidos e vão embora. Os primeiros demoram a passar; as últimas demoram tanto a aparecer. No meio dessa gangorra, a linha reta do tédio. Se bem que estas minhas opiniões são variáveis. Esta visão não é otimista. 


Palasathenaanamariajório, 07.10.2013.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Criança e primavera




Na primavera os amores,
Embalados de esperança,
Esquecem os dissabores
Como fazem as crianças.


Palas Athenaanamariajório, 02.10.2013.

(trova escrita em outubro.2009)

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Criança







Eu sou metade criança
− A metade que cresceu.
A outra, sem esperança,
É a metade que morreu.

Palas Athenaanamariajório, outubro de 2009